Esta é uma pergunta recorrente ao designer italiano Enzo Mari, e sua resposta é sempre a mesma, porém bem justificada: “O objeto ideal a ser inventado é a bola! Você começa a brincar com ela com um ano de idade e pode usá-la até os noventa, cada vez a bola permite que você invente novas regras, nunca é condicionada“.
Seu recém-lançado livro “25 modi per piantare un chiodo” (25 modos de fixar um prego) alterna fatos e lembranças desde sua infância, faz reflexões sobre os seus sessenta anos de projetos e sobre a prática do design, que em suas palavras “fazer design, projetar, é um instinto inerente ao homem, assim como o instinto de sobrevivência, a fome, o sexo”. Considerado também um livro polêmico, pois Mari é abertamente contra as práticas atuais dos designers, que se resume a servir à industria para para produzir bens.
O mestre italiano sempre trabalhou muito próximo à teoria do design como poucos, e buscava também uma maneira de teorizar a relação entre a forma e a função de um produto, pois este é um confronto constante para os designers. “A forma deve ser eterna, longe de tendências da moda e convenções (como muitas das coisas feitas por artesões do passado, que são ricas em elegância natural). Mas é claro que a forma não pode prevalecer a função, independente de quais funções, caso contrário é um ornamento“.
Não só os belos pensamentos são presenteados aos leitores: o livro contém diversos desenhos e esboços de Enzo Mari, como este que selecionei no post do Designboom e trata-se de uma homenagem aos salvadores do mundo: as crianças. Enquanto os pequenos começam a descobrir o mundo pelas próprias mãos para depois construir com a experiência as suas teorias e descrições, os adultos “ensinam” a partir de um absurdo de regras pré-existentes, pois acreditam que assim se possa aprender a fazer e a ‘pensar’.